sexta-feira, outubro 20, 2006

Tempo...

Ontem, ouvia o cair de cada gota suicida na Lisboa adormecida. Era uma queda amparada, com a morte na calçada. O vento fazia das suas... Hoje escuto as vozes do largo, seco e mais desfolhado, cheio e mais animado...

A minha avó fez hoje 85 anos. "Passa num instante... Filipe". A firmeza que senti na sua certeza abalou-me, apesar da palavras trémulas, e da voz frágil com que me falou. Quase uma angustiada serenidade. É algo da idade!? "Até aos 30, ainda deu tempo para alguma coisa, mas depois, não houve tempo para tudo". Os meus passos rangiam sobre o soalho do vizinho. Ela continuava... "Não... A avó não se deita cedo". O meu avô? Dormia... Passeava talvez numa rua de Albernoa. Ou no campo, subindo um ribeiro incansável, de cana de pesca na mão. Bem de madrugada, antes do acordar dos pássaros... Vivia talvez a coerência que a vida lhe parece ter tirado, de uma lucidez roubado. Mas em sonhos. Sim, talvez em sonhos...

2 comentários:

Anónimo disse...

"E se eu parar de tomar pra sempre sundae
e não amar lévi-strauss em seu enleio
se eu achar démodé , quem serei?
E se tiver tudo chato e o céu for feio
e eu decidir que chopin , não solfejarei
se eu fizer um ar blazè, quem serei?
Quando eu for saberei.

Como eu era um homem longe do que sou
preocupado em me mostrar capaz...
Nem que eu queira, hoje posso ser tal rapaz
não sou mais, não sou mais, não sou mais
não sou mais enfim
nem mesmo o que eu serei, sou
não sou mais, não sou mais.

E no balaio da construção de um homem
revejo os moldes e as massas que eu já usei
pois viver é reviver, hoje eu sei
quem eu for, já encontrei
e de quebra a experiência me ensinou:
é preciso juventude para que eu me torne avô
è preciso juventude
quem me dera tê-la intacta a cada era
como uma flor
que algum dia, alguém espera em outra porta
que o futuro preparou."

(Djavan - Avô)

Anónimo disse...

às vezes assusta. Assusta já ter feito tanto, será q vou conseguir fazer ainda mais? Mais o quê? para onde? para a esquerda? tudo diz para ir para a direita... será q me falam os medos? quem me fala? q voz é esta q ouço?
Bem, o mais certo é partir, à aventura. De isso nunca me irei arrepender. Se ficasse parado iria sempre chorar o tempo q passou.
Saudades do tempo em q tudo parecia fácil e se matava um porco com uma faca ferrugenta.
Mas tb nem sempre era fácil, o tempo tem esta tendência para nos fazer olhar o passado com displicência.
Olhemos para o futuro, sem medo, o medo é mau conselheiro. O sonho que tenho é ultrapassar os meus medos para alcançar todos os meus sonhos. Será que vou conseguir?
Se não conseguir eu que consigas tu.