"Desesperado do amor e da castidade, lembrei-me, enfim, de que restava o deboche, que substitui muito bem o amor, faz calar os risos, restabelece o silêncio e, sobretudo, confere a imortalidade. [...] Visto que eu desejava a vida eterna, dormia, pois, com p... e bebia durante noites a fio. De manhã, é certo, tinha na boca o travo da condição mortal. Mas, durante longas horas, eu tinha pairado, feliz." (Albert Camus, A Queda)
"O álcool e as mulheres forneceram-me, devo confessá-lo, o único alívio de que era digno. [...] Verá então que o verdadeiro deboche é libertador porque não cria nenhuma obrigação. No deboche, só nos possuímos a nós mesmos; ele fica sendo, pois, a ocupação preferida dos grandes apaixonados da sua pessoa. É uma selva, sem futuro nem passado, sem promessa sobretudo, nem sanção imediata. Os lugares onde se exerce estão isolados do mundo. Deixa-se, ao lá entrar, tanto o medo como a esperança." (idib.)
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