"[...] eu nunca sonhei, imaginei ou desenhei o modelo perfeito de quem desejaria para companheira. Porque muito cedo tomei consciência da imensa distância entre o que se imagina e se é de facto (e não me excluo a mim próprio), porque, por feitio e visão, me convenci e convenço da irremediável solidão que é a vida, porque sei bem quanto gestos e palavras ficam sempre por fazer e dizer, porque me conheço suficientemente para apreciar como amo tão produndamente e dispersamente que uma determinada pessoa que eu visasse não poderia deixar de, até certo ponto, ser uma vítima desse mesmo amor, por tudo isso me recusei sempre a sonhar fosse o que fosse de projecto de vida, tanto mais que a experiência me ia ensinando que, ou por minha culpa ou por destino, me não valia a pensa desejar, porque era o suficiente para não ter. [...]"
(Trecho de carta enviada por Jorge de Sena a Mécia de Sena, datada de 1 de Janeiro de 1947)
segunda-feira, novembro 16, 2009
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