"1901: aos trinta e cinco anos.
Passo dias sem ver ninguém nem receber uma única carta. Este profundo silêncio, sucedendo, senão ao movimento do mundo, ao ruído do mundo que chegava até mim nos anos passados, aturde-me um pouco por momentos. Acabarei por me habituar. Estou calmo. Posso, mesmo, suportar não ter tempo para sonhar, para escrever os meus sonhos, não estar inteiramente ocupado por sonhos miúdos. Já não tenho mais pressa. Talvez morra amanhã e eis-me a agir como se tivesse diante de mim cinquenta anos para viver. Ocupo-me, antes de mais nada, em alargar a minha personalidade, da base ao tecto, reconstruindo os seus alicerces, que tinham vacilado um pouco, e fazendo entrar em todas as dependências da casa, em todos os andares, mais ar e mais luz. (Romain Rolland a Louis Gillet, 25 de Outubro de 1901)"
(Romain Rolland por ele próprio, de Jean-Bertrand Barrère)
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