segunda-feira, novembro 23, 2009
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"- Eu não poderei afirmar se à doce minha inimiga agrada ou não que o mundo saiba que eu a sirvo; somente sei dizer, respondendo ao que com tanta cortesia se me pede, que o seu nome é Dulcineia; a sua terra é Toboso, uma terra da Mancha; o seu título, pelo menos há-de ser de princesa, pois é rainha e senhora minha; a sua formusura, sobre-humana, pois nela se tornam verdadeiros todos os impossíveis e quiméricos atributos de beleza que os poetas dão às suas damas: os seus cabelos são ouro, a sua fronte campos elísios, as suas sobrancelhas arco-íris, os seus olhos sóis, as suas faces rosas, mármore o seu peito, os seus lábios corais, pérolas os seus dentes, alabastro o seu pescoço, marfim as suas mãos, a sua brancura neve e as partes que à vista humana encobria o pudor são tais, segundo penso e entendo, que só a sábia consideração pode exaltá-las e não compará-las." (D. Quixote de La Mancha)
sábado, novembro 21, 2009
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Recordo o "filho traquinas da vida", com quem tive o prazer de viajar durante sete dias, sete meses, sete anos... Preso no meu "quarto" aquecido, também eu vou confundindo as horas, que ora voam, ora se arrastam... Persiste o dilema: fechar-me ou dar-me? Como, a quê, e a quem? Não encontro meio termo para uma nova madrugada, e tudo me convida ao limite do ser...
[Oiço Beach Comber, por Real Estate...]
[Oiço Beach Comber, por Real Estate...]
sexta-feira, novembro 20, 2009
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"Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio... Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro... Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume incompreensível, a nossa vida... compreende?... a nossa vida apresenta-se ali como algo... como um acontecimento excessivo. [...]
Uma vez fui a um médico.
- Doutor, estou louco - disse. - Devo estar louco.
- Tem loucos na família? - perguntou o médico. - Alcoólicos, sifilíticos?
- Sim, senhor. O pior. Loucos, alcoólicos, sifilíticos, místicos, prostitutas, homossexuais. Estarei louco?
O médico tinha sentido de humor, e receitou-me barbitúricos.
- Não preciso de remédios - disse eu. - Sei histórias tenebrosas acerca da vida. De que me servem barbitúricos?"
(Herberto Helder, Estilo)
Uma vez fui a um médico.
- Doutor, estou louco - disse. - Devo estar louco.
- Tem loucos na família? - perguntou o médico. - Alcoólicos, sifilíticos?
- Sim, senhor. O pior. Loucos, alcoólicos, sifilíticos, místicos, prostitutas, homossexuais. Estarei louco?
O médico tinha sentido de humor, e receitou-me barbitúricos.
- Não preciso de remédios - disse eu. - Sei histórias tenebrosas acerca da vida. De que me servem barbitúricos?"
(Herberto Helder, Estilo)
quarta-feira, novembro 18, 2009
O ritmo em que o eu se perde...
"To enter that rhythm where the self is lost,
where breathing : heartbeat : and the subtle music
of their relation make our dance, and hasten
us to the moment when all things become
magic, another possibility.
That blind moment, midnight, when all sight
begins, and the dance itself is all our breath,
and we ourselves the moment of life and death.
Blinded; but given now another saving,
the self as vision, at all times perceiving,
all arts all senses being languages,
delivered of will, being transformed in truth —
for life’s sake surrendering moment and images,
writing the poem; in love making; bringing to birth."
(Muriel Rukeyser, To enter that rhythm where the self is lost)
where breathing : heartbeat : and the subtle music
of their relation make our dance, and hasten
us to the moment when all things become
magic, another possibility.
That blind moment, midnight, when all sight
begins, and the dance itself is all our breath,
and we ourselves the moment of life and death.
Blinded; but given now another saving,
the self as vision, at all times perceiving,
all arts all senses being languages,
delivered of will, being transformed in truth —
for life’s sake surrendering moment and images,
writing the poem; in love making; bringing to birth."
(Muriel Rukeyser, To enter that rhythm where the self is lost)
segunda-feira, novembro 16, 2009
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"Nada me põe tão feliz como contemplar e pintar a natureza. Imagine que, quando vou para o campo e vejo o sol e o verde e flores por todo o lado, digo a mim próprio: 'tudo isto é realmente meu!'"
(Henri Rousseau, em entrevista dada pelo pintor em 1910)
(Henri Rousseau, em entrevista dada pelo pintor em 1910)
Para sempre...
"Dificilmente alguém tão honestamente e lealmente se terá mostrado e não menos cuidadosamente terá tido a preocupação de destruir qualquer possibilidade de romântica mistificação de si próprio. Este teria sido o caminho fácil e estava aberto ao total desconhecimento que um do outro tínhamos e à minha evidente fascinação por aquela personalidade - a rejeição desse caminho deu lugar a uma confiança e uma identificação que dificilmente, creio, poderão ter paralelo.
Não sem agruras e com algumas duras provas ambas resistiram, intactas, durante quase trinta anos, afinal o nosso 'para sempre', dignamente cumprido."
[Mécia Sena, Isto tudo que nos rodeia (Cartas de Amor)]
Não sem agruras e com algumas duras provas ambas resistiram, intactas, durante quase trinta anos, afinal o nosso 'para sempre', dignamente cumprido."
[Mécia Sena, Isto tudo que nos rodeia (Cartas de Amor)]
Isto tudo que nos rodeia...
"[...] eu nunca sonhei, imaginei ou desenhei o modelo perfeito de quem desejaria para companheira. Porque muito cedo tomei consciência da imensa distância entre o que se imagina e se é de facto (e não me excluo a mim próprio), porque, por feitio e visão, me convenci e convenço da irremediável solidão que é a vida, porque sei bem quanto gestos e palavras ficam sempre por fazer e dizer, porque me conheço suficientemente para apreciar como amo tão produndamente e dispersamente que uma determinada pessoa que eu visasse não poderia deixar de, até certo ponto, ser uma vítima desse mesmo amor, por tudo isso me recusei sempre a sonhar fosse o que fosse de projecto de vida, tanto mais que a experiência me ia ensinando que, ou por minha culpa ou por destino, me não valia a pensa desejar, porque era o suficiente para não ter. [...]"
(Trecho de carta enviada por Jorge de Sena a Mécia de Sena, datada de 1 de Janeiro de 1947)
(Trecho de carta enviada por Jorge de Sena a Mécia de Sena, datada de 1 de Janeiro de 1947)
sábado, novembro 14, 2009
Sonho bom, sonho meu...
Voava, girava e rodopiava, de braços-asas bem abertos, oferecendo o peito ao azul profundo de um inebriante mundo onírico. Conscientemente, desenhava e contemplava a realidade ao sabor da vontade. Brincava ao onde e ao quando, e ia construindo um quê sem porquê... Sorria, ainda, ao regressar. Um dia, hei-de voltar...
[ O Sonho . Henri Rousseau ]
[Oiço Far Away, de Jay-Jay Johanson...]
[ O Sonho . Henri Rousseau ]
[Oiço Far Away, de Jay-Jay Johanson...]
sexta-feira, novembro 13, 2009
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"'Essa grande desgraça de não se poder estar só!...' diz algures La Bruyère, como para envergonhar todos aqueles que correm a esquecer-se na multidão, temendo sem dúvida não poder suportar a si próprios.
'Quase todas as nossas desgraças nos vêm de não termos sabido conservar-nos no nosso quarto', diz outro sábio, Pascal, julgo eu, chamando assim para a célula do recolhimento todos esses desvairados que procuram a felicidade no movimento e numa prostituição a que eu podia chamar fraternitária, se quisesse usar da bela linguagem do meu século."
(Charles Baudelaire, A Solidão)
'Quase todas as nossas desgraças nos vêm de não termos sabido conservar-nos no nosso quarto', diz outro sábio, Pascal, julgo eu, chamando assim para a célula do recolhimento todos esses desvairados que procuram a felicidade no movimento e numa prostituição a que eu podia chamar fraternitária, se quisesse usar da bela linguagem do meu século."
(Charles Baudelaire, A Solidão)
Passagem
"O êxtase do ar e a palavra do vento
Povoaram de ti meu pensamento."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Povoaram de ti meu pensamento."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Ausência
"Num deserto sem água,
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
quinta-feira, novembro 12, 2009
Quase Nada
"O amor
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz."
(Eugénio de Andrade)
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz."
(Eugénio de Andrade)
Espera
"Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça."
(Eugénio de Andrade)
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça."
(Eugénio de Andrade)
quarta-feira, novembro 11, 2009
A um jovem poeta...
"Não me peças prefácios, nem juízos, nem conselhos,
Que me sinto empurrado
Para o trono dos velhos,
E coroado embalsamado!
Que pode, a ti, servir-te o que aprendi por mim?
Que darei eu do que ninguém me deu?
Chegar, nunca se chega! Mas, se há fim,
Cada qual ganhe belo o seu.
Chegar, nunca se chega ao píncaro sonhado!
Mas, se mais ampla já se nos anima
A linha do horizonte, – é o ganho dum pássaro
Deixando esfarrapado monte acima.
Nenhum caminho tem nenhum que se lhe iguale.
Meu – foi o meu suor; meus – os meus pés descalços.
Sofrer – só a quem sofre vale.
E o mais que se aprendeu são oiros falsos!
Ainda só há sol e azul pelos espaços
(Até se qualquer sombra lhes embace a quietude)
Diante desses passos
Que pedes que eu te ajude.
Pois vai! pois vai, sozinho, até que o sol se ponha,
Se entenebreça o azul, as aves emudeçam,
E tremam as estrelas, na medonha
Solidão onde, ao fim, desapareçam…
Sob, enquanto as houver, raríssimas estrelas,
Cava, na solidão, a terra escura,
E talvez venham a ser belas
As rosas, sobre a tua sepultura.
O que possas ganhar, tê-lo-ás, assim, ganhando,
Quando, perdido tudo o que era de perder,
Tombes, ao fim do descampado,
Sabendo que ninguém te pode socorrer…
Ninguém! Eu, menos que os demais,
Eu, que te perco, já, na curva do caminho,
E só te sei dizer adeuses tais
Que só te deixem mais sozinho.
Porque tu é que és tudo! a terra a cultivar,
A mão cultivadora, o arado da cultura,
O grão a semear,
O próprio fruto, – grão da mão futura.
Pois lavra-te, és o chão! emprega-te, és o braço!
Semeia-te, és o grão!
Floresce, frutifica, extingue-te! e, no espaço,
Pode, amanhã, nascer mais uma ideal constelação…
Entanto, se algum dia, por acaso,
Voltando à minha porta, me chamares,
Talvez, à tarde, ante esse imenso campo raso,
Possa eu ouvir os teus cantares.
Vendo, então, nos meus olhos, qualquer brilho,
Sentindo, em minha voz, tremer um alvoroço,
Vai-te embora feliz, meu irmão e meu filho!
Já te dei tudo quanto posso!"
(José Régio, A Chaga do Lado)
Que me sinto empurrado
Para o trono dos velhos,
E coroado embalsamado!
Que pode, a ti, servir-te o que aprendi por mim?
Que darei eu do que ninguém me deu?
Chegar, nunca se chega! Mas, se há fim,
Cada qual ganhe belo o seu.
Chegar, nunca se chega ao píncaro sonhado!
Mas, se mais ampla já se nos anima
A linha do horizonte, – é o ganho dum pássaro
Deixando esfarrapado monte acima.
Nenhum caminho tem nenhum que se lhe iguale.
Meu – foi o meu suor; meus – os meus pés descalços.
Sofrer – só a quem sofre vale.
E o mais que se aprendeu são oiros falsos!
Ainda só há sol e azul pelos espaços
(Até se qualquer sombra lhes embace a quietude)
Diante desses passos
Que pedes que eu te ajude.
Pois vai! pois vai, sozinho, até que o sol se ponha,
Se entenebreça o azul, as aves emudeçam,
E tremam as estrelas, na medonha
Solidão onde, ao fim, desapareçam…
Sob, enquanto as houver, raríssimas estrelas,
Cava, na solidão, a terra escura,
E talvez venham a ser belas
As rosas, sobre a tua sepultura.
O que possas ganhar, tê-lo-ás, assim, ganhando,
Quando, perdido tudo o que era de perder,
Tombes, ao fim do descampado,
Sabendo que ninguém te pode socorrer…
Ninguém! Eu, menos que os demais,
Eu, que te perco, já, na curva do caminho,
E só te sei dizer adeuses tais
Que só te deixem mais sozinho.
Porque tu é que és tudo! a terra a cultivar,
A mão cultivadora, o arado da cultura,
O grão a semear,
O próprio fruto, – grão da mão futura.
Pois lavra-te, és o chão! emprega-te, és o braço!
Semeia-te, és o grão!
Floresce, frutifica, extingue-te! e, no espaço,
Pode, amanhã, nascer mais uma ideal constelação…
Entanto, se algum dia, por acaso,
Voltando à minha porta, me chamares,
Talvez, à tarde, ante esse imenso campo raso,
Possa eu ouvir os teus cantares.
Vendo, então, nos meus olhos, qualquer brilho,
Sentindo, em minha voz, tremer um alvoroço,
Vai-te embora feliz, meu irmão e meu filho!
Já te dei tudo quanto posso!"
(José Régio, A Chaga do Lado)
terça-feira, novembro 10, 2009
Da democracia do demo...
Quando oiço o líder parlamentar do PSD, fico com a quase certeza surreal de que foi recrutado no seio do Governo, seja lá ele qual for... Ou então é mesmo um desejo dos sociais-democratas o de chegar ao país inteiro, crianças incluídas... "Mas há muitos especialista que contradizem o que o senhor ministro está a dizer", ou qualquer alarvidade do género, atirou ontem Aguiar Branco, neste caso pronunciando-se acerca do "enriquecimento ilícito". Mas houve outros, tantos, e tão ou mais admiráveis, argumentos de notável calibre, disparados por este senhor. "Sou ou não sou doutor?" Mediocridade no poleiro da oposição, é o que vejo, e quem se lixa é o mexilhão, pois então...
domingo, novembro 08, 2009
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Até hoje, estive sempre à espera. Agora compreendo, só agora, que nada sabia fazer se não esperar, por ti. Esperar que viesses, esperar que chegasses, e esperar que me ajudasses a tornar a fugir de mim...
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"O mais admirável no fantástico é que o fantástico não existe; tudo é real." (André Breton)
[ Carte Blanche . René Magritte ]
[Oiço Two Dancers, de Wild Beasts. Depois, Logos, de Atlas Sound, e Seek Magic, de Memory Tapes...]
[ Carte Blanche . René Magritte ]
[Oiço Two Dancers, de Wild Beasts. Depois, Logos, de Atlas Sound, e Seek Magic, de Memory Tapes...]
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"A imaginação disseca o todo da criação de acordo com leis que têm a sua origem no mais fundo das profundezas da alma, e depois junta o organiza os pedaços, criando um novo mundo a partir deles." (Charles Baudelaire)
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"Vamos caminhando aos ziguezagues entre o apocalipse e o paraíso perdido, muito perto do primeiro e muito distantes do segundo; dilacerados entre o anseio e o ódio a nós próprios, perdidos de sonhos e de sonhos perdidos." (Rudolf Schlichter)
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"Fique então com uma pena - disse ela, arrancando uma do leque.
Peguei na pena e, só com o olhar, exprimi-lhe todo o meu fascínio e gratidão. Não estava apenas animado e contente, estava feliz, pairava na bem-aventurança, cheio de bondade, eu não era eu, era uma qualquer criatura não terrestre que desconhecia a maldade e só era capaz de fazer o bem." (Lev Tolstoi, Depois do Baile)
Peguei na pena e, só com o olhar, exprimi-lhe todo o meu fascínio e gratidão. Não estava apenas animado e contente, estava feliz, pairava na bem-aventurança, cheio de bondade, eu não era eu, era uma qualquer criatura não terrestre que desconhecia a maldade e só era capaz de fazer o bem." (Lev Tolstoi, Depois do Baile)
sexta-feira, novembro 06, 2009
quinta-feira, novembro 05, 2009
quarta-feira, novembro 04, 2009
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Vou deslizando pela Lisboa adormecida, sem pressa de chegar a lugar nenhum. O compasso, que se afirma sereno no íntimo do meu peito, marca o passo vagaroso do meu vadiar. Antevejo um convite para parar, numa hora que o estômago há-de dar...
...
Quem é este
incansável desconhecido
que me leva de vencido,
a mim
frágil parte de um todo
que às vezes se encontra
e outras vezes se perde
nessa parte de ti?
[ De Es Schwertberger: http://www.dees.at ]
[Oiço Through the Devil Softly, o novo de Hope Sandoval & The Warm Inventions...]
incansável desconhecido
que me leva de vencido,
a mim
frágil parte de um todo
que às vezes se encontra
e outras vezes se perde
nessa parte de ti?
[ De Es Schwertberger: http://www.dees.at ]
[Oiço Through the Devil Softly, o novo de Hope Sandoval & The Warm Inventions...]
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"[...] Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas."
(Herberto Helder)
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas."
(Herberto Helder)
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"Aturdido pela antevisão do abismo, aterrorizado perante a prova de desintegração mental a que terá que sujeitar-se para realizar o individualismo absoluto, o lírico faz um regresso desvairado ao seu individualismo convencional. No entanto ele nunca mais se libertará da nostalgia dum universo que chegou a pressentir."
(Natália Correia, Poesia de Arte e Realismo Poético)
(Natália Correia, Poesia de Arte e Realismo Poético)
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“A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.” (Sophia de Mello Breyner Andresen)
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"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa."
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Os degraus
"Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..."
(Mário Quintana)
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo..."
(Mário Quintana)
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