sexta-feira, fevereiro 20, 2015

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"Por vezes, à beira-mar, no perpétuo movimento das águas e no eterno fugir do vento, sinto o desafio que a eternidade me lança."

(Stig Dagerman, A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer)

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É esgotante, a luta que um tipo tem de travar contra o corrector automático para conseguir escrever o quer. Fifa-se... Fofa-se...

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"If two people love each other there can be no happy end to it."

(Ernest Hemingway)

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"They are continually asking Art to be popular, to please their want of taste, to flatter their absurd vanity, to tell them what they have been told before, to show them what they ought to be tired of seeing, to amuse them when they feel heavy after eating too much, and to distract their thoughts when they are wearied of their own stupidity. Now Art should never try to be popular. The public should try to make itself artistic."

(Oscar Wilde, The Soul of Man under Socialism)

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"I sound my barbaric yawp over the roofs of the world."

(Walt Whitman)

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“When we realize that words can destroy something good, wonderful, and dear, and that by keeping silent we can avoid causing the least damage or harm, it’s easy to stay silent.”

(Robert Walser, Masquerade and Other Stories)

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Manhã cedo, entre sonhos: abro os olhos e vejo, aos pés do meu beliche, um tipo sentado no chão, pernas cruzadas, costas direitas, aparentando meditar...

A cena passou-se há mais de 15 anos, numa pousada da juventude em Itália, julgo que em Florença, mas disso já não estou certo...

Segurei a custo as sobrancelhas até que terminasse o ritual, simulei uma vitalidade inexistente, e perguntei-lhe o que havia estado a fazer sentado no chão àquela hora - e sobretudo porquê...

Recordo o sorriso que me devolveu... Levantar-se cedo para meditar - explicou-me benevolentemente, já não sei em que idioma - ajudava-o a resolver os seus problemas, e a encontrar o equilíbrio. Encenou uma pequena vénia, desejou-me um bom dia, e partiu resolvido...

Permaneci deitado na obscuridade, língua encortiçada pela noite de excessos, mastigando a inquietação decorrente da proposta que me havia sido apresentada. Felizmente, e apesar da escassez conjuntural de sinapses, não demorei muito a concluir que o processo não poderia nunca ser aplicado à minha pessoa. Ora, se me levantasse cedo para meditar e resolver os meus problemas, deixaria de ser preciso meditar, já que o meu principal problema era, à época, a incapacidade de me levantar cedo. E se deixasse de ser preciso meditar, porque me haveria de levantar cedo?...

Apaziguado pela impossibilidade lógica de enveredar por esse penoso caminho da disciplina matinal, recordo-me por último de ter ajeitado a almofada antes de regressar à procura paciente do meu equilíbrio, mas na horizontal...

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"I don't work with inspiration. Inspiration is for amateurs. I just get to work."

(Chuck Close)

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[...] I wish this paper would go on forever and never run out and I could just keep talking to you. Just know I’m with you. Every stream, every lake, every field and river. In the woods and in the hills, in all the places you showed me. I love you."

(Peter Kassig)

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“In the course of my work with the most violent men in maximum-security settings, not a day goes by that I do not hear reports – often confirmed by independent sources – of how these men were victimized during childhood. Physical violence, neglect, abandonment, rejection, sexual exploitation and violation occurred on a scale so extreme, so bizarre, and so frequent that one cannot fail to see that the men who occupy the extreme end of the continuum of violent behavior in adulthood occupied an equally extreme end of the continuum of violent child abuse earlier in life.”

(James Gilligan, M.D., Violence, 1996, Random House / Vintage Books, p. 45)

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"Zen question: If a man speaks in a forest but no woman hears him, is he still wrong?"

(Maura O'Connell)

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"Antes de ser operado da primeira vez (foi uma operação muito comprida, de bastantes horas, porque tiraram o intestino e também o apêndice, a vesícula, aquilo já tinha apanhado várias coisas, bexiga e por aí fora), eu estava na sala para entrar, na maca, à espera da anestesia final e, de repente, sinto que me estão a dar a mão. Era o cirurgião. Não imagina como foi importante para mim. Ele ficou de mão dada comigo até adormecer. E, então, pensei: «Bolas, a função da literatura é esta: estar ali com uma mão apertada na nossa.»"

(António Lobo Antunes em entrevista à edição de Dezembro de 2014 da revista Ler)

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"Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia —
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia. [...]"

(Pois claro, Fernando...)

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"In the head of the interrogated prisoner, a haze begins to form. His spirit is wearied to death, his legs are unsteady, and he has one sole desire: to sleep... Anyone who has experienced this desire knows that not even hunger and thirst are comparable with it."

(Menachem Begin, White nights: the story of a prisoner in Russia)

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"He seems altogether exempt from the ambition of making a book, and conveys his information briefly and plainly, with the air of a man who writes, not because he wants to say something, but because he has something to say." (The London Quarterly Review, Volume 23)

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Hoje foi um dia bom: não escrevi nenhum poema mau...