terça-feira, agosto 26, 2008

Silêncio...

"Silencio é felicidade [...]", e é também "[...] o oceano em que todos os rios de todas as religiões desaguam", diria Thayumanavar [தாயுமானவர்)], do séc. XVIII. Ao que Francis Bacon, de antes disso, responderia, que "o silêncio é a virtude dos loucos". "Será a linguagem a expressão adequada para todas as realidades?", perguntaria Nietzsche... "Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então, guarda silêncio", diria o poupado Eurípedes, do lado negativo do calendário mainstream. Porque "a palavra é tempo", e "o silêncio é eternidade" (Maurice Maeterlinck). "O melhor uso que se pode fazer da palavra é calar-se", concordaria Chuang Tse. Porque "o poema não é feito dessas letras que eu espeto como pregos, mas do branco que fica no papel" (Paul Claudel). "O silêncio é uma confissão", diria Camilo Castelo Branco, em bom português. "É melhor ser rei do teu silêncio do que escravo das tuas palavras", sublinharia Shakespeare, divertido. "Nunca quebres o silêncio se não for para o melhorar", tocaria Beethoven, noutro ponto...E nuestro hermano, muito atento, lembraria que "o silêncio é a retórica dos amantes" (Pedro Barca). Mas, mesmo vindo à baila o amor, falaria ainda o senhor paradoxo (Agostinho da Silva), porque "só falando preservas o silêncio". E assim iriam, noite dentro, rumo ao indizível...

Para mim, se é que as palavras me permito usar... Hoje...
O silêncio tem a dimensão do que és...


[De Es Schwertberger: http://www.dees.at]

[Vale a pena ir com Louis Theroux: Indian Enlighnment (parte 1 a 6)]

5 comentários:

boneca disse...

às vezes sinto-me confortável no silêncio porque escuto tudo.... ou simplesmente, escolho não ouvir nada e seguir. deixar-me estar. aceito...

L.G. disse...

O silêncio somos nós e por vezes parece ensurdecedor... Grande abraço!

Anónimo disse...

Hum, curioso. No estado de Indiana (pelo menos) a Igreja Baptista costumava receber uma espécie de Fags que, como eu, iam lá num ou outro domingo só por causa do free lunch. Agora não sei. As sandes e saladas devem estar a escassear e a malta sente-se perdida e revoltada. God Hates Fags... é capaz, mas quem são afinal os fags? Ai que se calhar é esta gente... e agora? Vão arder no inferno. Ah pois, ah pois...Freaks.

Filipe Feio disse...

Os documentários de Louis Theroux são muito bons. Por acaso, também já vi esse, sobre a família mais odiada dos Estados Unidos. No entanto, era a Indian Enlightenment que me referia. Já corrigi o link... ;)

Anónimo disse...

Yeah, Louis is good! Quanto ao Doctor em Psicologia, o aspecto, o tom de voz e a 'espiritualidade' fizeram-me lembrar uma pessoa. Tive um dia, numa aula de Comunicação Intercultural um colega chamado James, que tinha para aí uns cinquentas. O homem era do mais simpático que havia e do mais interessante no que respeita às opiniões que partilhava na aula. Tinha sido casado, a coisa não resultou foi para a rua, tornou-se num sem abrigo e mais tarde deu a volta por cima e arranjou trabalho como camionista. Depois, arranjou casa, regressou à escola e agora estava a terminar um PhD em comunicação e a dar aulas no departamento. Yeah James! You're the man! Conversa puxa conversa, chegámos à conclusão que eramos vizinhos. O James como bom americano-anfitrião convidou-me para tomar um chá lá em casa, na companhia do seu roomate. Passei por lá nessa tarde. O roomate estava atracado com uma tipa oriental no sofá, ambos very very high. Em segundos sairam da sala, assim meio aos caidos. O meu colega James sempre simpático disse: make yourself comfortable. Ok. Ele estava no sofá. Sentei-me numa cadeira. Comecei a falar da escola. E nisso o James diz assim: Hey, forget that. Let me show ya somethin'. Levantou-se e no momento seguinte estava o James a colocar uma caixa em cima da mesa. Ya know what this is? Pure gold.
E vai nisto abre a caixa e aquilo tresandava a erva. Porque era erva, não?
Enrola um bocado e pergunta: do you mind if i smoke?
E eu saio-me com o meu típico ar boyish próprio de alturas de sufoco e digo, mesmo em português: eh pá, não.
Cross my heart. Despedi-me do homem e fui para casa. Então o chá era afinal, enrolar erva para fumar? Passados uns dias, encontrou-me no departamento e diz assim: You know what? I love you!
Oh pá...oh pá. O homem passou-se. O homem fumou a caixa de erva toda e não se apercebeu. Disfarcei, dei-lhe uma palmada nas costas e entrei na aula. Na altura tinha um namorado basco. Gostava da ideia dele ser basco porque tinha uma leve desconfiança que o tipo pertencia à ETA. Surgia agora o momento de pôr o Etarra à prova. Contei-lhe sobre o James. O basco, um jovem aparentemente calmo que estudava literatura francesa, de repente transformou-se num perigo para a humanidade e disse: Hiro de puta! Eh pá, aquilo caiu-me mesmo bem. Aquele era afinal um Etarra do caraças. Mas enfim, com o passar do tempo o James acalmou e o basco mandei-o pastar na noite em que fomos ver um concerto do Bob Dylan e o tipo foi com duas amigas espanholas fumar uns charros para trás do recinto.
E o Louis Theroux no meio disto tudo é apenas um brit a reportar parvoices americanas. E olha que naquele país é o que não falta... weirdos and wackos.