quarta-feira, março 30, 2011

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"Algumas pessoas foram consideradas corajosas porque tiveram medo de fugir." (Thomas Fuller)

sexta-feira, março 25, 2011

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"I am sorry to think that you do not get a man's most effective criticism until you provoke him. Severe truth is expressed with some bitterness." (Henry David Thoreau)

segunda-feira, março 21, 2011

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"Comparada com a opinião que temos de nós mesmos, a opinião pública é uma débil tirana. O que um homem pensa de si mesmo, eis o que determina, ou pelo menos indica, o seu destino. Haja auto-emancipação também nas Antilhas da fantasia e da imaginação. Que Wilberforce (1) será capaz de desencadeá-la? Pensai, igualmente, nas senhoras do país que tecem almofadas de toalete até à hora da morte, para não deixarem transparecer um interesse muito vivo pelos seus destinos! Como se se pudesse matar o tempo sem lesar a eternidade." (Henry David Thoureau, Walden; ou a Vida nos Bosques, 1854)

(1) - William Wilberforce (1759-1833), parlamentar inglês que lutou pela libertação dos escravos nas Antilhas Inglesas.

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"Os homens trabalham à sombra de um erro, lançando ao solo para adubo o que têm de melhor. Por uma sina ilusória, vulgarmente chamada necessidade, desgastam-se, como se diz num velho livro, a amontoar tesouros que a traça e a ferrugem estragarão e que os ladrões hão-de roubar. É uma vida de imbecis, como perceberão ao fim dela, se não antes." (Henry David Thoureau, Walden; ou a Vida nos Bosques, 1854)

"Por simples ignorância e equívoco, muita gente, mesmo neste país relativamente livre, se deixa absorver de tal modo por preocupações artificiais e tarefas superfluamente ásperas, que não pode colher os frutos mais saborosos da vida." (ibid.)

segunda-feira, março 14, 2011

Das crónicas (anacrónicas) para adormecer...

Já não suporto a indignação de certos cronistas, opinantes contagiados ou "guardiões do regime" face ao sentimento de revolta de uma suposta "geração à rasca" contra o "estado a que isto chegou". É quase caricata a forma como os senhores procuram minar a legitimidade das "jovens" vozes que à rua saíram em protesto, afirmando que não viveram a ditadura, que não fizeram a guerra, etc.. Defendendo, no fundo, que os meninos malcriados e mal-agradecidos fazem parte, na verdade, de uma geração muito privilegiada, que devia era sentir-se grata por aquilo que herdou, acabar de vez com a insolência, baixar a cabeça, e tratar de se fazer à vida...

Diz um, escrevendo de um lugar bem longe do País real... "Tirando o difícil acesso a um mercado de trabalho fechado por razões de conjuntura económica e, se calhar também, de falta de visão empresarial, a actual geração jovem foi privilegiada em muitas coisas relativamente à minha: para começar, não tiveram de viver sufocados por uma ditadura nem ameaçados por uma guerra; não tiveram como única escolha académica universidades públicas de entrada difícil, ensino tipo-militar e cursos restritos e com aplicação prática imediata no mundo do trabalho. Nós não tínhamos o luxo de cursos inúteis nem universidades mixurucas que os pais ou os contribuintes pagavam; não tínhamos Erasmus, nem exames colectivos, nem pós-graduações e doutoramentos para todos; não tínhamos internet nem cinema em casa (só nas salas e só aqueles que a censura permitia) e não fazíamos downloads de tudo; não viajávamos porque não tínhamos dinheiro nem era suposto os jovens viajarem, não tínhamos telemóveis nem roupas de marca, nem Bairro Alto nem nada que fazer a não ser estudar ou ir para a tropa."

Desculpem-me a ingenuidade, mas porque raio a consciência de que a realidade pode ser muito pior do que aquilo que é deve limitar ou matar o desejo de a transformar em algo melhor? Porque carga de água têm os "jovens" de aceitar como imutável uma determinada conjuntura apenas porque uns quantos "velhos" lhes dizem o quão difícil foi conquistá-la? Há toda uma geração para quem a ditadura, a guerra, e tantos outros momentos passados não passam de um imaginário não vivido, de um monte de histórias de outros tempos. Não foi esse o tempo em que cresceram, nem foi esse o lugar que conheceram. Mas atenção: esse passado não é, de todo, irrelevante. Mesmo que sem consciência disso, apenas porque esse passado existiu, estes "jovens" podem hoje olhar um futuro diferente, porventura mais largo, para além desse contexto que já só se vive nas memórias de quem, no seu tempo, foi também capaz de sonhar mais alto. Se os "velhos" têm razão para estar satisfeitos, porque têm, isso deve-se ao facto de terem conseguido, ao que me parece, transmitir a mensagem mais importante de todas: a de que os "jovens" se não podem nunca conformar...

Posto isto, e perante aquilo que é o inequívoco assassínio continuado do futuro de todo um País, das suas gerações de hoje e das vindouras, levado a cabo pela mediocridade dos sucessivos governos, é compreensível que os "velhos", cansados das suas lutas, perversamente comprometidos com o sistema, e com medo do porvir, arrumem as botas e se encostem para uma sesta. Porque podem. Porque devem. Porque os "jovens" de hoje aí estão...

A Pátria

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta [...]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro [...]

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos [...], sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes [...] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar [...]”

(Guerra Junqueiro, A Pátria, 1896)

[Retirado de Arrastão...]

sábado, março 05, 2011

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"É preciso imaginar Sísifo feliz." (Albert Camus)

sexta-feira, março 04, 2011

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“[...] Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido."
(Alberto Caeiro)

Outras vezes trinco uma torrada de pão alentejano com manteiga,
E acho que só para trincar uma torrada vale a pena ter nascido...
(Eu)

quarta-feira, março 02, 2011

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"Bosch é Brom." (Alexandre O’Neill)

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"Democracy means freedom, freedom to choose, to choose between... Pepsi and Coke." (Anonymous)

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"Tanto na psicologia como na lógica, há verdades mas não há verdade.[...] Querer é suscitar paradoxos." (Albert Camus, O Mito de Sísifo)

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"Um dia vem, no entanto, e o homem constata ou diz que tem trinta anos. Afirma assim a sua juventude. Mas ao mesmo tempo situa-se em relação ao tempo. Toma aí o seu lugar. Reconhece que está num certo momento da curva que confessa ter de percorrer. Pertence ao tempo e reconhece nesse horror que o empolga o seu pior inimigo."
(Albert Camus, O Mito de Sísifo)

terça-feira, março 01, 2011

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"De pernas para o ar. Assim vi o mundo pela primeira vez, e logo ali me pus a chorar." (Manuel Albernoa)

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"Chega sempre uma hora na História em que aquele que ousa dizer que dois e dois são quatro é punido com a morte. [...] E a questão não é saber qual é a recompensa ou o castigo que espera este raciocínio. A questão é saber se dois e dois são ou não são quatro." (Albert Camus, A Peste)