terça-feira, julho 23, 2013

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É-me impossível ignorar a forma como alguns comentadores de serviço se expressam nas televisões sobre as incríveis três últimas semanas da política portuguesa: não há um palavrão, um berro, um murro na mesa, um mínimo transtorno; ao invés da irritação, da zanga, ou quiçá da fúria, deparo-me com uma surpreendente imobilidade do corpo, uma inexpressão da fácies, um tom monocórdico da voz; combinação que parece dar a entender que, mais do que observarem desapaixonadamente uma realidade esdrúxula, analisam uma série de eventos perfeitamente banais, até mesmo aborrecidos, e que o melhor que tenho a fazer é deixar-me embalar, tranquilamente, pelo vazio das emoções, e adormecer, serenamente, num desejável lugar de esquecimento...

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