terça-feira, agosto 27, 2013

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"Nesta ocasião, que estou a analisar-me, assalta-me uma dúvida: talvez não gostasse tanto do tabaco senão pela vantagem de lhe assacar a culpa da minha incapacidade. Quem sabe se, deixando de fumar, eu chegaria realmente a ser o homem ideal e forte que supunha? Foi decerto esta dúvida que me prendeu ao vício: é uma forma cómoda de viver, esta de se julgar grande em potência." (Italo Svevo, A Consciência de Zeno)

4 comentários:

Anónimo disse...

Poucos conhecem este livro. Estudei-o na faculdade, e a leitura do texto feita pelo meu querido professor João Figueiredo foi bastante estimulante.

Filipe Feio disse...

Comecei agora a ler os escritos de Zeno. A ver vamos onde me leva(m)... ;)

Anónimo disse...

Zeno, a pessoa neurótica que se auto-analisa frequentemente, emoldurado por uma moldura maior que é a psicanálise, é o próprio leitor, que lê e compreende o que lê, ou como vive o que está a ler.
É a consciência muito exacerbada, muito consciente, que os poetas têm dos equívocos criados pela produção de textos.

Filipe Feio disse...

Acabei agora mesmo. Ainda estou a digerir... Mas gostei de conhecer Zeno Cosini, todo à mercê dos empurrões que a vida lhe vai dando; e de ir com ele até essas memórias, através das quais, de forma hilariante, nos vai confessando aquilo a vida foi escolhendo fazer de si. Muito bom, muito próximo... :)