"Mas se a atitude de Herberto celebra a autonomia do campo literário e contesta a feira das vaidades, também suscita o paradoxo do «homem invisível», apresentado por João Pedro George no seu estudo O Que É Um Escritor Maldito? (Verbo, 2013). Escreve George: «Quando um poeta como Herberto Helder se nega conceder entrevistas e a deixar-se fotografar, preferindo a sombra e rejeitando todos os faustos públicos, tornando-se assim numa espécie de 'homem invisível'», então o escritor não está apenas a exercer «uma forma de protesto que pretende romper a dinâmica das trocas e das relações mundanas entre os agentes do meio literário»; na verdade, ele também aceita que se produza um efeito previsível que é o «fascínio»: como diz George, «não há culto mais puro e mais profundo que o culto por aquilo que não se conhece (não ter cara nem corpo é um princípio do divino)»."
(Pedro Mexia, Revista LER, Setembro 2013)
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