quinta-feira, setembro 19, 2013

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"Este é um bilhete de suicídio. Quando o puserem de lado (e deverão sempre ler estas coisas devagar, em busca de pistas ou indícios), John Self não existirá mais. Ou em todo o caso é essa a ideia. Nunca se sabe, porém, com os bilhetes de suicídio, não é? No agregado planetário de toda a vida, há muito mais bilhetes de suicídio do que suicídios. Sob esse aspeto são como poemas, os bilhetes de suicídio: quase toda a gente experimenta manejá-los a certa altura, com ou sem talento. Todos nós os escrevemos dentro das nossas cabeças. Normalmente o bilhete é que interessa. Completamo-lo, e depois retoma-se a viagem no tempo. É o bilhete e não a vida que fica cancelado. Ou ao contrário. Ou a morte. Nunca se sabe, porém, não é, com os bilhetes de suicídio. A quem é dirigido o bilhete? A Martina, a Fielding, a Vera, a Alec, a Selina, a Barry - a John Self? Não. É dirigido a vocês que por aí andam, os queridos, os gentis."

(Martin Amis, Dinheiro)

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