segunda-feira, julho 13, 2015
#mariacapaz
Dona Gertrudes, proprietária do café aqui da rua, cuida há anos de uma cadelinha rafeira muito simpática, que baptizou de Maria, e que tem o hábito de vadiar livremente pelo bairro e redondezas. Quando se lhe dá a sede ou a fome, é vê-la correr desconjuntadamente em direcção ao café da dona adoptiva. Três altos degraus a separam do interior do estabelecimento, onde dois pratos a aguardam, sempre, com água e ração, respectivamente. Ora, o problema é que Maria só tem três patas, vítima que foi de um atropelamento - ainda cachorra e já abandonada - frente ao tasco daquela que (veja-se a sorte a nascer do azar) viria a ser sua dona. Não é incomum dar com ela a debater-se, entre latidos e gemidos, para conseguir escalar aquela montanha em forma de escadaria. Habitual também é ver um freguês, assistindo desconfortável ao esforço da cadela pela primeira vez, levantar-se para ajudar. "Deixe estar que ela é capaz, senhor. Não se incomode que a Maria é capaz", atira dona Gertrudes de trás do balcão, invariavelmente...
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