terça-feira, novembro 29, 2011

...

"O fim para que os homens inventaram os livros foi para conservar a memória das coisas passadas contra a tirania do tempo, e contra o esquecimento dos homens, que ainda é maior tirania."
(Padre António Vieira)

CARTA VÁRIA XI

"Há, talvez, duas espécies de revolução: Uma é a de mudar o mundo, como tanto tem sido tentado, sempre com resultados muito aquém das levantadas esperanças; a outra a de mudar cada pessoa, já que as perspectivas da transformação oposta ou parecem muito exageradas, muito desmentidas pelos resultados no quotidiano, ou envolvem tais dificuldades e tais riscos, mesmo vitoriosas, e sobretudo quando vitoriosas, que parece melhor tentar a alternativa. É isto o que diríamos da revolução pessoal que tem, no ocidente, os exemplos de São Paulo ou São Francisco, no Oriente, e por exemplo também, o caso de Buda e de, quase em nosso tempo, Ramakrishna que experimentou as três vias do Hinduísmo, do Cristianismo e do Islão, nelas três atingindo suas metas. Quem sabe, se não haveria ainda de trilhar novo caminho: o de, tomando toda a simplicidade, todo o despojamento, toda a disciplina, toda a dedicação do que foi citado - e bem sabendo das nossas inferioridades e limitações -, ninguém se retirar do mundo, como muito deles fizeram, ninguém se recolher a convento algum, mas no século permanecer, com bom humor, paciência, entusiasmo, fé no triunfo e absoluta confiança nas qualidades do homem, quaisquer que sejam as aparências. Combater sem agressividade, esperar sem se tornar passivo, acreditar haver saída para tudo, conservar-se na marcha geral, embora escolhendo seu próprio caminho e jamais esquecendo o seu rumo, abertos sempre a todas as ideias e acolhedores de todos os estímulos. Sem internas quebras, navegar ao que parece impossível, sem desânimos, adiantar a tarefa sem temer o paradoxo, dar toda a eternidade à corrida do tempo, sem pressa, nunca cessando a marcha. E ver em todos os companheiros não um grupo que se guia, o que logo faz surgir hierarquias, mas o nosso amparo, o nosso incitamento: Mestres, afinal, não discípulos."

(Agostinho da Silva, 1 de Julho de 1986)

segunda-feira, novembro 28, 2011

...



sexta-feira, novembro 25, 2011

Da Violência

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem.

(Bertolt Brecht, Poemas)

quinta-feira, novembro 24, 2011

...

quarta-feira, novembro 23, 2011

...

...

"É preciso ser-se um homem simples, ou nada. É preciso viver, amar, sofrer, compreender, aceitar, superar. Escrever é um pis-aller. Só escrevo porque estou só, mal portanto, magoado pelo muito que tenho sofrido. Não devemos escrever senão quando nos sentimos forçados a isso, quando precisamos de criar ou de estoirar."
(Romain Rolland, carta de 1904)

...

"Não quero (ou já não quero) nem a felicidade nem a glória. Quero ser." (Romain Rolland)

...

"* Os dois princípios de acção que eu inscrevia no meu Diário eram os seguintes:
1. Nunca pertencer a um grupo, a uma associação política. Toda a associação de homens corrompe as ideias em nome das quais esta se realizou, fá-las desviar do seu verdadeiro sentido. Sou e quero continuar livre. E se vier a combater, à margem de qualquer campo, combaterei sozinho, só por mim responsável.
2. Regra moral: nunca ser passivo em coisa alguma, inclusivamente na aceitação. Submeter-me, talvez - não ser submetido. Sacrificar-me - não resignar-me. (29 de Setembro de 1898)
De toda a minha obra e de toda a minha vida se desentranha uma moral: lei de inteligência e de acção, lei interior e lei prática: - a lei da Verdade. Ser verdadeiro connosco próprios. Nunca dizermos ou escrevermos uma palavra a mais ou a menos do que julgamos a Verdade...
E há ainda uma segunda lei, que procurei imprimir a toda a minha obra: - a lei da simpatia (no sentido etimológico): «sofrer com». A lei do amor humano. (A E.R. Curtius, 27 de Fevereiro de 1926)
Faltaria, porém, aos seus mandamentos um terceiro, que é a lei da vida, aquela que ele tao poeticamente evocou na «sageza de Gottfried».
Sê piedoso diante do dia que nasce. Não penses no que acontecerá dentro de um ano, dentro de dez anos. Pensa no dia de hoje. Deixa em paz as teorias. Todas as teorias, como vês, mesmo as da virtude, são más, estúpidas, fazem mal. Não violes a vida. Vive hoje. Sê piedoso para cada dia. Ama-o, respeita-o, sobretudo, não o faças estiolar, não o impeças de florir. Ama-o, mesmo que pardo e triste, como hoje. Não te inquietes. Olha. Estamos no Inverno. Tudo dorme. A boa terra voltará a despertar. Sejamos uma boa e paciente terra como ela."

(Romain Rolland por ele próprio, de Jean-Bertrand Barrère)

terça-feira, novembro 22, 2011

...

"Pensar sinceramente, mesmo contra todos, é ainda por todos."
(Romain Rolland)

...

"1901: aos trinta e cinco anos.

Passo dias sem ver ninguém nem receber uma única carta. Este profundo silêncio, sucedendo, senão ao movimento do mundo, ao ruído do mundo que chegava até mim nos anos passados, aturde-me um pouco por momentos. Acabarei por me habituar. Estou calmo. Posso, mesmo, suportar não ter tempo para sonhar, para escrever os meus sonhos, não estar inteiramente ocupado por sonhos miúdos. Já não tenho mais pressa. Talvez morra amanhã e eis-me a agir como se tivesse diante de mim cinquenta anos para viver. Ocupo-me, antes de mais nada, em alargar a minha personalidade, da base ao tecto, reconstruindo os seus alicerces, que tinham vacilado um pouco, e fazendo entrar em todas as dependências da casa, em todos os andares, mais ar e mais luz. (Romain Rolland a Louis Gillet, 25 de Outubro de 1901)"

(Romain Rolland por ele próprio, de Jean-Bertrand Barrère)

segunda-feira, novembro 21, 2011

...




Vale a pena ler Occupy first. Demands come later, de Slavoj Žižek, e The Occupy movements are the realists, not Europe's ruling elites, de John Gray. E ver a forma como, neste vídeo, John Stewart recorre ao humor para descontruir a recorrente mistificação...

domingo, novembro 20, 2011

Viva o amor

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em 'diálogo'. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam 'praticamente' apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do 'tá tudo bem, tudo bem', tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso 'dá lá um jeitinho sentimental'. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A 'vidinha' é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também." (Miguel Esteves Cardoso)

quarta-feira, novembro 16, 2011

...

"[...] Muitos dizem que uma república teria de ser uma nação de anjos, porque os homens, com as suas inclinações egoístas, não são capazes de uma constituição de forma tão sublime. Mas, precisamente, por meio destas inclinações, a natureza intervém a favor da vontade geral assente na razão, mas impotente na prática. Trata-se simplesmente de organizar o Estado de tal modo (e isso não é coisa acima das forças humanas) que a acção de cada uma das inclinações egoístas, opondo-se umas às outras, acabe por moderar ou destruir os seus efeitos desastrosos. O resultado é, para a razão, o mesmo que seria se essas inclinações não existissem, e cada homem é forçado a ser bom cidadão, ainda que não moralmente bom.
O problema de organizar um Estado, por árduo que possa parecer, pode ser resolvido até mesmo no caso de um povo de demónios, contando que dotados de entendimento. O problema é: 'Dada uma multidão de seres racionais que requerem leis universais que assegurem a sua conservação, mas cada um dos quais se mostra secretamente inclinado a furtar-se a essas leis, estabelecer uma constituição tal que, embora as suas intenções privadas se combatam, se refreiem umas às outras, sendo o resultado que o seu modo de se conduzirem publicamente seja o mesmo que se não tivessem essas intenções'. Um problema como este tem de ser resolúvel; não requer que saibamos como alcançar o aperfeiçoamento moral dos homens, mas apenas que conheçamos o mecanismo da natureza, a fim de o usarmos sobre os homens, organizando o conflito das intenções hostis presentes num povo de tal modo que os seus elementos se obriguem a si mesmos a submeter-se a leis coercivas. É assim instaurado um Estado pacífico e a força das suas leis." (Kant, Perpetual Peace)

quinta-feira, novembro 10, 2011

...

"Una niña indígena perseguía al director del equipo, silenciosa sombra pegada a su cuerpo, y lo miraba fijo a la cara, de muy cerca, como queriendo meterse en sus raros ojos azules. El director recurrió a los buenos oficios de Ticio, que conocía a la niña y entendía su lengua. Ella confesó:
– Yo quiero saber de qué color ve usted las cosas.
– Del mismo que tú – sonrió el director.
– ¿Y cómo sabe usted de qué color veo yo las cosas?"

(Eduardo Galeano, Puntos de vista)

...

"Considero ser esta a maior tarefa numa relação entre duas pessoas: que uma vele a solidão da outra. Pois, se a essência tanto da indiferença quanto da multidão consiste em não reconhecer solidão alguma, o amor e a amizade existem para propiciar continuamente oportunidades para a solidão. E são verdadeiras apenas as comunhões que ritmicamente interrompem estados profundos de solidão." (Rainer Maria Rilke, Da Solidão e da Doença, Sobre a Morte e Sobre a Vida)

...

"How vain it is to sit down to write when you have not stood up to live." (Henry D. Thoreau)

...

"Este livro é, portanto, um livro de combate, de acordo com a definição admirável e fundamental de Paulo: 'Porque não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra os príncipes, contra as autoridades, contra os que governam este mundo [kosmokratoras] de trevas e contra os espíritos do mal que estão nos céus'. (Efésios 6: 12). Ou, traduzindo na linguagem de hoje: ' A nossa luta não é contra este ou aquele indivíduo corrupto, mas contra a generalidade dos que ocupam o poder, contra a sua autoridade, contra a ordem global e a mistificação ideológica que a sustenta'. Travar esta luta significa aprovar a fórmula de Badiou: mieux vaut un désastre qu'un désêtre ['mais vale um desastre que um des-ser'] - mais vale assumir o risco e comprometer-nos com a fidelidade a um Acontecimento-Verdade, ainda que este acabe em catástrofe, do que vegetarmos na sobrevivência sem acontecimentos hedonista e utilitarista daqueles a que Nietzsche chama os 'últimos homens'." (Slavoj Žižek, Viver no Fim dos Tempos)

...

"Quando nos são mostradas imagens de crianças que morrem de fome em África, incitando-nos a que façamos qualquer coisa para os ajudar, a mensagem ideológica subentendida é do género: 'Não pense, não politize, esqueça as causas da miséria, aja, contribua com o seu dinheiro, de modo a não ter de pensar!' Rousseau compreendera já perfeitamente a má-fé dos admiradores multiculturalistas das culturas alheias, quando, no Émile, nos alertava contra o 'filósofo que ama os tártaros para se dispensar de amar o seu vizinho mais próximo'." (Slavoj Žižek, Viver no Fim dos Tempos)

...

"Como se torna adulto um indivíduo? Aprendendo quando deve violar a norma explícita que o vincula. Assim, no que se refere ao casamento, pode razoavelmente dizer-se que o estado adulto se atinge quando a pessoa casada se torna capaz de cometer adultério. A única prova da razão é a queda ocasional na 'irracionalidade' (como Hegel bem sabia)." (Slavoj Žižek, Viver no Fim dos Tempos)

segunda-feira, novembro 07, 2011

"This shit's got to go!"

quinta-feira, novembro 03, 2011

...

"Se um soldado cercado pelo inimigo quiser encontrar uma saída, tem de aliar um intenso desejo de viver a uma estranha indiferença em relação à morte. Não deve simplesmente agarrar-se à vida, sucumbindo assim à cobardia: não escaparia. Também não deve ter muita pressa de morrer, pois isso seria suicidar-se: não sobreviveria. Deve procurar a vida num espírito de indiferença furiosa; deve desejar a vida como água e estar todavia pronto para beber o vinho da morte." (Gilbert Keith Chesterton, Ortodoxia)

...

"Na medida em que, para São Paulo, 'morte' e 'vida' designam designam as duas posições existenciais (subjectivas) e não factos 'objectivos', não será inteiramente justificado colocar de novo a questão paulina: quem está hoje verdadeiramente vivo?
E se estar realmente vivo se resumisse hoje à busca de uma intensidade excessiva que nos ponha em contacto com um para-além da 'simples vida'? E se, quando nos agarramos à sobrevivência, mesmo que isso seja considerado como 'passar uns bons tempos', estivermos afinal a perder a própria vida?
[...] O propósito de todos estes comportamentos rituais não visará precisamente impedir a 'Coisa' de acontecer - essa 'Coisa' sendo o próprio excesso de vida? A catástrofe que ele ou ela teme não é, afinal, que lhe aconteça realmente qualquer coisa? [...]
Será então um paradoxo caracteristicamente nietzschiano dizer que o grande perdedor da afirmação aparente da vida contra qualquer causa transcendente seja a vida real? O que torna a vida digna de ser vivida é o próprio excesso da vida: a consciência de que existe qualquer coisa pela qual estamos dispotos a arriscar a vida (podemos chamar a esse excesso 'liberdade', 'honra', 'dignidade', 'autonomia', etc.). Só estamos realmente vivos se estivermos prontos a correr esse risco." (Slavoj Žižek, Bem-vindo ao Deserto do Real)

...

"[...] É aí que o zen propriamente dito diverge da sua versão 'acomodatícia' ocidental: a verdadeira grandeza do zen consiste em não se reduzir a uma viagem interior ao nosso 'verdadeiro eu'; a finalidade da meditação zen consiste, pelo contrário, em esvaziar totalmente o 'eu', em aceitar que o 'eu' não existe e que não há nenhuma verdade interior para descobrir." (Slavoj Žižek, Bem-vindo ao Deserto do Real)

...

"A lição dos romances de Marguerite Duras é mais pertinente que nunca: o meio - o único meio - para um casal viver uma relação verdadeiramente pessoal (sexual e de amor) não consiste em ficar a olhar um para o outro, esquecendo o mundo à sua volta, mas em olhar juntos, de mãos dadas, para o exterior." (Slavoj Žižek, Bem-vindo ao Deserto do Real)

quarta-feira, novembro 02, 2011

...

"Na boa velha RDA era impossível alguém combinar três características: convicção (crença na ideologia oficial), inteligência e honestidade. Se era convicto e inteligente, não era honesto; se era inteligente e honesto, não era convicto; se era convicto e honesto, não era inteligente. Não podemos dizer o mesmo da ideologia da democracia liberal? Se pretendemos levar a sério a ideologia liberal hegemónica, não é possível ser ao mesmo tempo inteligente e honesto: ou se é completamente idiota ou cinicamente corrupto." (Slavoj Žižek, Bem-vindo ao Deserto do Real)

terça-feira, novembro 01, 2011

"Normalizing the unthinkable"

"[Reinhold Niebuhr]'s view was that rationality belongs to the cool observer. But because of the stupidity of the average man, he follows not reason, but faith. And this naive faith requires necessary illusion, and emotionally potent oversimplifications, which are provided by the myth-maker to keep the ordinary person on course. It's not the case, as the naive might think, that indoctrination is inconsistent with democracy. Rather, as this whole line of thinkers observes, it is the essence of democracy. The point is that in a military state or a feudal state or what we would now call a totalitarian state, it doesn't much matter what people think, because you've got a bludgeon over their heads and you can control what they do. But when the state loses the bludgeon, when you can't control people by force, and when the voice of the people can be heard, you have this problem - it may make people so curious and so arrogant that they don't have the humility to submit to a civil rule, and therefore you have to control what people think. And the standard way to do this is to resort to what in more honest days used to be called propaganda, manufacture of consent, creation of necessary illusions. Various ways of either marginalizing the general public or reducing them to apathy in some fashion."



E vale a pena ler este ensaio de Edward S. Herman, publicado em 1991: The Banality of Evil.