quarta-feira, novembro 23, 2011

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"* Os dois princípios de acção que eu inscrevia no meu Diário eram os seguintes:
1. Nunca pertencer a um grupo, a uma associação política. Toda a associação de homens corrompe as ideias em nome das quais esta se realizou, fá-las desviar do seu verdadeiro sentido. Sou e quero continuar livre. E se vier a combater, à margem de qualquer campo, combaterei sozinho, só por mim responsável.
2. Regra moral: nunca ser passivo em coisa alguma, inclusivamente na aceitação. Submeter-me, talvez - não ser submetido. Sacrificar-me - não resignar-me. (29 de Setembro de 1898)
De toda a minha obra e de toda a minha vida se desentranha uma moral: lei de inteligência e de acção, lei interior e lei prática: - a lei da Verdade. Ser verdadeiro connosco próprios. Nunca dizermos ou escrevermos uma palavra a mais ou a menos do que julgamos a Verdade...
E há ainda uma segunda lei, que procurei imprimir a toda a minha obra: - a lei da simpatia (no sentido etimológico): «sofrer com». A lei do amor humano. (A E.R. Curtius, 27 de Fevereiro de 1926)
Faltaria, porém, aos seus mandamentos um terceiro, que é a lei da vida, aquela que ele tao poeticamente evocou na «sageza de Gottfried».
Sê piedoso diante do dia que nasce. Não penses no que acontecerá dentro de um ano, dentro de dez anos. Pensa no dia de hoje. Deixa em paz as teorias. Todas as teorias, como vês, mesmo as da virtude, são más, estúpidas, fazem mal. Não violes a vida. Vive hoje. Sê piedoso para cada dia. Ama-o, respeita-o, sobretudo, não o faças estiolar, não o impeças de florir. Ama-o, mesmo que pardo e triste, como hoje. Não te inquietes. Olha. Estamos no Inverno. Tudo dorme. A boa terra voltará a despertar. Sejamos uma boa e paciente terra como ela."

(Romain Rolland por ele próprio, de Jean-Bertrand Barrère)

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