sexta-feira, novembro 01, 2013

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Nunca li nada de Valter Hugo Mãe (sim, com maiúsculas!). Tenho em casa O Remorso de Baltazar Serapião, o tal suposto "tsunami literário" com que venceu o prémio Saramago. Ontem, li a entrevista que deu à Ler do mês passado: as suas respostas são de tal forma banais e superficiais - e a momentos tão absurdas ou narcísicas - que duvido que alguma vez venha a pegar no romance...

Deixo um pequeno excerto:

"Continua com vontade de ter um filho?
Continuo. A minha vida não está preparada para um filho, ainda não sei tomar conta de mim. Acho que a solteirice aguda me cria muito medo, muito respeito, não tenho uma casa preparada para crianças, tudo na minha casa magoa, tudo se parte, tudo é tão delicadozinho, parece um museu de tralhas afetivas. Uma criança chegava ali e partia-me tudo. Se tivesse um filho tinha de preparar a casa, arrumar os 'biscuits' para um uso mais pragmático. A minha casa não serve muito para viver, é assim uma coisa de passeio.

Mas é uma dimensão que queria ter?
É. Tenho uma amiga que me anda a puxar para ir a um orfanato onde há crianças de sete, oito, nove anos, as que têm mais dificuldade em serem adotadas.Talvez uma criança com essa idade me seja mais fácil receber, e ao mesmo tempo também é uma aventura muito incrível, acolher-se uma pessoa que talvez já não tenha esperança nenhuma de ter um vínculo familiar profundo, e dizer-lhe que ela também tem direito a tudo. O meu quarto de hóspedes talvez venha a ser o quarto de uma menina. As meninas são mais misteriosas e têm mais que se lhe diga, são mais interessantes. Jogam menos cartas e conversam mais."

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